A transformação digital avança a um ritmo imparável e apenas as empresas e os profissionais que acompanham as tendências emergentes de IT podem manter-se relevantes e competitivos.

 

Em 2025, tecnologias alimentadas por Inteligência Artificial (IA), a computação avançada e a sinergia entre humanos e máquinas são alguns dos principais ingredientes para ajudar as empresas a aumentarem a produtividade, a inovação e a segurança, transformando oportunidades em histórias de sucesso e mantendo-se à frente da concorrência.

 

Quais são, então, as principais tendências tecnológicas que prometem brilhar em 2025 (e mais além)? Eis as nossas principais escolhas.

 

 

IA, Machine Learning e IA Generativa

Entre as tecnologias de crescimento mais rápido da história, a Inteligência Artificial deverá atingir o valor de mercado de 708,83 mil milhões de euros (747,91 mil milhões de dólares) em 2025, graças ao rápido desenvolvimento e adoção de soluções como:

  • IA Generativa
    Os mais recentes avanços nos Modelos de Linguagem em Grande Escala (LLM – Large Language Models), como os utilizados pelo ChatGPT, Google Gemini (anteriormente conhecido como Google Bard) ou Claude, estão a ajudar as empresas de diferentes setores a aumentar a sua produtividade, eficiência e inovação, a automatizar processos e a criar melhores experiências para os clientes. A GenAI tem vindo a melhorar nitidamente áreas como o desenvolvimento de software, a análise de negócios, o diagnóstico e a monitorização de cuidados de saúde, a manutenção preditiva da indústria transformadora, entre outras.
    Em termos de valor de mercado e crescimento, espera-se que a IA Generativa atinja 337,45 mil milhões de euros (356 mil milhões de dólares) até 2030, crescendo a uma taxa anual de 46%, o que a torna um dos setores de crescimento mais rápido do mundo.

  • IA autónoma
    Também conhecida como IA Agêntica, esta tecnologia é capaz de executar de forma independente uma série de tarefas em nome do utilizador. Combina o melhor dos modelos de IA Generativa e de Machine Learning (ML) para resolver ativamente problemas e facilitar processos de tomada de decisão com o mínimo de intervenção humana. As previsões para 2025 dizem que 25% das empresas que utilizam IA Generativa irão lançar pilotos de IA Agêntica – espera-se que essa percentagem aumente para 50% até 2027.

  • Plataformas de governança de IA
    Especialmente na Europa, onde existem diretrizes claras e rigorosas para promover uma utilização responsável e segura da Inteligência Artificial, existe uma necessidade crescente entre as organizações de garantir a conformidade com os principais regulamentos e gerir o desempenho legal e ético dos seus sistemas de IA. É exatamente aí que entram as soluções de governança de IA, que garantem que as ferramentas de IA são implementadas de forma eficaz para cumprir as normas éticas, a transparência e os valores de segurança.

  • Ferramentas de deteção de desinformação
    Face ao número crescente de ataques de engenharia social e deepfakes, as empresas precisam de uma “mãozinha” para identificar informações e comunicações fraudulentas. É aí que surge a tecnologia de combate à desinformação, que garante a verificação de identidades, mitiga o phishing, impede o takeover de contas e a manipulação dos utilizadores – tudo isso pode prejudicar a reputação e as operações das empresas.
    De acordo com a Gartner, a procura deste tipo de tecnologia está a crescer tão rapidamente que, até 2028, cerca de 50% das empresas deverão adotar produtos, serviços ou funcionalidades de segurança contra a desinformação, face a menos de 5% em 2024.

 

Globalmente, até 2032, prevê-se que o mercado global de IA cresça a uma taxa anual de 20,4%, atingindo então o valor de 2,6 biliões de euros (2,74 biliões de dólares).

 

 

Computação avançada

A tecnologia quântica ainda está a emergir, mas apresenta um enorme potencial ao efetuar cálculos e resolver problemas complexos a velocidades com que os computadores clássicos apenas podem sonhar.

 

2025 continuará a ser um ano de expansão moderada, mas ainda assim de alguma expansão, graças a paradigmas de computação avançada como:

  • Computação Quântica
    A utilização de mecânica quântica para acelerar o processamento de dados e a resolução de problemas tem vindo a revolucionar setores como o financeiro, o farmacêutico ou o da logística. Eis alguns exemplos de como será aplicada esta tecnologia em 2025: nas finanças, a computação quântica será cada vez mais utilizada para otimizar carteiras em grande escala e estratégias de gestão de riscos; na saúde, ajudará a acelerar a descoberta de medicamentos e a fazer avançar a medicina de precisão; e na logística ajudará a otimizar inventários, rotas, entregas, entre outras coisas.

  • Criptografia pós-quântica
    O progresso impressionante da computação quântica também representa uma ameaça, uma vez que esta tecnologia é capaz de decifrar facilmente códigos de encriptação tradicionais. Daí o aparecimento da criptografia pós-quântica, que muitas empresas começam a adotar para garantir que os seus dados, transações e comunicações estão protegidos por uma segurança inquebrável. Naturalmente, a criptografia pós-quântica continuará a crescer proporcionalmente ao crescimento da computação quântica.

Este mercado foi avaliado em 1,58 mil milhões de euros (1,67 mil milhões de dólares) em 2024 e prevê-se que atinja 50,05 mil milhões de euros (52,84 mil milhões de dólares) até ao final de 2037, a uma taxa de crescimento anual de 33,1%.

 

 

Computação híbrida

As empresas estão a apostar estrategicamente em ambientes híbridos que combinam tecnologias de computação tradicionais e emergentes para resolver problemas computacionais.

 

A adoção de servidores internos (normalmente para armazenar dados críticos) combinados com servidores em cloud (para análise e escalabilidade) continuará em 2025, como forma de as empresas melhorarem o desempenho e a segurança dos dados, mitigarem os riscos e garantirem eficiência de custos e flexibilidade.

 

Em ambientes de cloud, especificamente, a abordagem multi-cloud está também a crescer em popularidade, uma vez que permite às empresas combinar infraestruturas públicas e privadas em vários fornecedores de cloud, para tirar o melhor partido de cada solução para diferentes tarefas, minimizando simultaneamente o risco de falha e de comprometimento dos dados.

 

Os números são muito claros a este respeito: de acordo com a Gartner, 90% das organizações adotarão uma abordagem híbrida de cloud até 2027. Em 2025, especificamente, o investimento global em serviços de cloud pública deverá atingir 685,89 mil milhões de euros (723,4 mil milhões de dólares), contra 564,81 mil milhões de euros (595,7 mil milhões de dólares) em 2024.

 

 

Internet of Things (IoT)

A adoção de tecnologia IoT continua a crescer substancialmente em três domínios diferentes:

  • Vida quotidiana
    Quase todos nós utilizamos diariamente dispositivos interconectados – quer sob a forma de eletrodomésticos (ex.: televisões inteligentes ou aspiradores), de acessórios (ex.: relógios inteligentes ou auscultadores de realidade aumentada), ou de automóveis (ex.: veículos autónomos ou atualizações de trânsito em tempo real).

  • Mundo empresarial
    Organizações de diferentes setores – como a agricultura, a saúde, o retalho ou a indústria transformadora – estão a tirar partido dos dispositivos IoT, combinados com algoritmos de Inteligência Artificial e de Machine Learning, para aumentar a eficiência, a inovação e a segurança, melhorar a experiência do cliente e reduzir custos operacionais.

  • Cidades inteligentes
    Cada vez mais cidades em todo o mundo estão a implementar e a integrar sensores e dispositivos IoT para otimizar sistemas de transporte, a utilização de energia, a gestão de resíduos e da água, operações de segurança e serviços de saúde, entre outros aspetos.

A procura por tecnologia IoT, tanto por parte dos consumidores como das empresas, continuará a aumentar. Em 2025, prevê-se que o número de dispositivos conectados, a nível mundial, atinja os 21,5 milhões, crescendo até 40 milhões em 2030.

 

Este crescimento será apoiado por dois pilares principais: por um lado, a IA, o Cloud e Edge Computing ajudarão a gerir o grande volume de dados gerados pelos dispositivos IoT; por outro lado, a expansão do 5G reforçará a capacidade da rede para garantir que tudo funciona sem problemas a uma escala global.

 

 

Sustentabilidade digital

A sustentabilidade é uma preocupação central em todos os setores da sociedade. As empresas, em particular, sentem a pressão social e comercial para adotarem práticas e produtos mais ecológicos, reduzirem a pegada de carbono e melhorarem o seu estatuto de responsabilidade social corporativa.

Eis então como as organizações planeiam aplicar valores de sustentabilidade às suas operações digitais em 2025:

  • Computação energeticamente eficiente
    Arquiteturas, códigos e algoritmos mais sustentáveis, bem como centros de dados e hardware eficientes do ponto de vista energético, serão priorizados e tornar-se-ão parte integrante das estratégias empresariais.

  • Soluções de energia renovável
    O investimento global em fontes de energia renováveis – como a solar, a eólica e a bioenergia – continuará a aumentar. De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), a capacidade de produção de energia renovável corresponderá a 35% da produção mundial de eletricidade até 2025. Além disso, as energias renováveis ultrapassarão o carvão e tornar-se-ão a maior fonte de produção de eletricidade.

  • Eletrificação
    O investimento dos governos e das empresas em veículos elétricos e redes inteligentes também irá aumentar como forma de reduzir as emissões de carbono.

  • Novas tecnologias de bateria
    Existem também novas soluções de armazenamento de energia para tornar mais sustentáveis os dispositivos alimentados por bateria, como o armazenamento de hidrogénio, o armazenamento em rede, as baterias de estado sólido, as baterias de carros elétricos, ou a utilização de nanocomponentes para poupar energia nas baterias tradicionais.

  • IA sustentável
    Ao implementarem soluções de Inteligência Artificial e IoT, as empresas priorizam aquelas que são mais eficientes em termos energéticos, que dependem de LLMs mais pequenos e que consomem menos recursos. Esta abordagem não só contribui para alcançar os objetivos de sustentabilidade, como também reduz os custos de implementação de IA.

  • Práticas de economia circular
    Além de tudo isto, as organizações estão também a concentrar-se na reciclagem e reutilização de materiais e recursos, na redução de resíduos e no aumento da vida útil de equipamento IT.

 

 

Realidade Virtual (RV) e Realidade Aumentada (RA)

Estas tecnologias permitem experiências imersivas e realistas que criam uma ligação entre o mundo digital e o mundo físico. A diferença entre elas? A RV baseia-se num ambiente completamente virtual, enquanto a RA sobrepõe elementos virtuais a um ambiente físico.

 

Ambas estão a crescer rapidamente e a ser adotadas em vários setores, tais como:

  • Educação
    A RV e a RA são responsáveis por processos de aprendizagem novos e cativantes que permitem que professores e alunos gerem conhecimentos colaborativamente. A capacidade de aprendizagem visual das crianças é melhorada, o que as ajuda a compreender conceitos mais complexos como, por exemplo, geometria.

  • Entretenimento
    Há cada vez mais aplicações de entretenimento que proporcionam experiências sociais imersivas e mais profundas através da RA e da RV. As aplicações mais populares têm-se verificado a nível de gaming, cinema, museus, parques temáticos, entre outros.

  • Retalho
    As experiências de compra em loja estão a tornar-se mais inovadoras e personalizadas, com as tecnologias de RA e RV a permitirem aos clientes visualizar a forma como determinados produtos podem ser utilizados antes de os comprarem, o que melhora o envolvimento e a satisfação geral do cliente.

  • Saúde
    Estas tecnologias podem ser utilizadas para melhorar uma série de tarefas, como a formação de profissionais (ex.: simular uma cirurgia para melhorar o desempenho e as taxas de sucesso) ou tratamentos de saúde mental (ex.: ajudar um paciente a ultrapassar o medo das alturas através de simulações realistas).

  • Aviação
    Tal como no setor da saúde, também aqui as tecnologias de RA e RV podem ser utilizadas para fins de formação, simulando um voo real para melhorar a confiança e as competências do piloto.

  • Indústria
    Engenheiros, mecânicos e designers podem utilizar as tecnologias de RV e RA para testar os seus produtos num ambiente realista, permitindo-lhes antecipar desafios e fazer melhorias antes da implementação.

 

Em 2025, as experiências de RV e RA continuarão a revolucionar os modelos de negócio e as operações em todos os setores, especialmente quando combinadas com tecnologia de digital twins. A RV e a RA começarão também a estar mais presentes e a ser mais utilizadas na vida quotidiana. Até 2029, prevê-se que o número de utilizadores mundiais destas tecnologias atinja os 3728 milhões.

 

 

Sinergia entre humanos e máquinas

A RV e a RA também poderiam fazer parte desta categoria, uma vez que destaca a convergência dos mundos físico e digital, mas o foco aqui é em tecnologias mais futuristas e menos difundidas, especialmente entre consumidores e empresas. A Gartner destaca as seguintes:

  • Robótica avançada
    Resultado da fusão entre robótica e IA. Inclui robôs polifuncionais capazes de executar autonomamente várias tarefas complexas e de precisão, e de alternar eficientemente entre elas, conforme necessário. Tem-se revelado particularmente útil em setores como a saúde ou a indústria transformadora. Em fábricas, especificamente, um total de 4.281.585 de robôs estavam em funcionamento em todo o mundo em 2023, um aumento de 10% face ao ano anterior, de acordo com o World Robotics Report 2024. A Federação Internacional de Robótica espera que “o crescimento acelere em 2025 e continue em 2026 e 2027”.

  • Neurotecnologia
    A tecnologia de implantes cerebrais, capaz de ler a atividade cerebral dos seres humanos e de melhorar as suas capacidades cognitivas, está a evoluir rapidamente e tem potencial para atuar em duas frentes principais: 1) tratar o declínio cognitivo; e 2) ajudar-nos a adquirir novas competências. Especificamente em organizações, a neurotecnologia será brevemente utilizada para melhorar as competências dos funcionários e para desenvolver estratégias de marketing mais eficazes, de forma a aumentar o envolvimento dos clientes (sabendo o que estes desejam em tempo real).
    De acordo com o Fórum Económico Mundial, “a convergência com a IA, a nanotecnologia e outras tecnologias está a transformar rapidamente o domínio da neurotecnologia”, podendo tornar-se “mainstream para algumas crianças” nos próximos 5 a 10 anos.

 

 

Cibersegurança e confiança digital

Todos os dias surgem novas e avançadas ameaças à segurança, pelo que é natural que a cibersegurança continue a ser uma prioridade das organizações em 2025. Dado o nível de sofisticação de recentes ameaças baseadas em IA, a cibersegurança evoluirá em conformidade e abrirá ainda mais espaço para estratégias como:

  • Segurança orientada para a IA
    Os profissionais de cibersegurança utilizarão cada vez mais tecnologias de IA e ML para melhorar as capacidades de deteção e resposta a incidentes, já que são capazes de analisar grandes volumes de dados, prever potenciais ameaças, automatizar processos complexos e implementar defesas em tempo real. Os Serviços de Segurança Geridos destacam-se neste contexto.

  • Segurança e privacidade dos dados
    Conforme as empresas prosseguem os seus processos de transformação digital, as principais prioridades incluem a proteção dos dados dos clientes e a garantia de interações e transações seguras. Por extensão, a conformidade com as principais regulamentações do setor, como a Diretiva NIS 2 e a DORA, é também um ponto fulcral.

  • Arquiteturas Zero Trust
    É uma das principais tendências de cibersegurança para 2025, uma vez que esta abordagem não confia em ninguém por defeito e requer a verificação da identidade de todas as pessoas antes de conceder qualquer tipo de acesso.

 

Conclusão

2025 é, inegavelmente, um ano de intersecção entre a Inteligência Artificial, a cibersegurança, a sustentabilidade e tecnologias emergentes avançadas, como a Computação Quântica, a Realidade Virtual, a Realidade Aumentada ou a Neurotecnologia.

 

As empresas e os profissionais de IT dispostos a surfar a onda e a incorporar estas tendências no seu quotidiano terão maiores hipóteses de sucesso e crescimento não só neste ano, mas em muitos outros que se seguirão.

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